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PRÉ-STARTER NA RECRIA

A condução e o maneio dos borregos de hoje influenciam as performances técnicas e económicas das explorações de amanhã, uma vez que o custo de recria de uma borrega tem um impacto económico muito significativo nas contas de uma exploração.
Por isso, os produtores de borregos têm-se dedicado à procura de sistemas de produção que lhes permitam, cada vez mais, aumentar o potencial genético dos animais de forma a obter animais mais pesados ao desmame e o mais cedo possível.

COMO CONDUZIR OS BORREGOS DO NASCIMENTO AO DESMAME
No primeiro dia, existem alguns pontos fundamentais a ter em consideração:
No segundo dia, ao desmame, os objetivos são os seguintes:
Os borregos são sujeitos a diferentes stresses durante a fase de engorda, que podem limitar a sua performance e eficácia alimentar, e ter impacto sobre o custo alimentar.
Alguns produtos à base de óleos essenciais mostraram efeitos benéficos sobre parâmetros de ruminação em borregos e, consequentemente, sobre as suas performances (Chaves et al, 2008).
No estudo que descrevemos, realizado na Herdade do Pinheiro, acompanhámos a fase de preparação do parto (20 a 30 dias antes do parto), o programa alimentar das
ovelhas durante a fase de lactação, de forma a maximizar a produção e qualidade de leite.
Finalmente, desenhámos um starter – Floco-Start Ovi/Capri – para potenciar o máximo desenvolvimento dos borregos até aos 70 dias.


RAÇA SUFFOLK
A raça Suffolk é uma raça ovina de excelência, originária de Inglaterra e tem na sua génese o cruzamento das raças Southdown e Norfolk.
Atualmente, considerada uma das melhores raças para carne, quer ao nível do índice de conversão, quer em termos de rendimento de carcaça e principalmente em termos de qualidade da carne.
A utilização de carneiros Suffolk em rebanhos de ovelhas cruzadas poderá proporcionar um forte efeito melhorador, com um aumento substancial do peso dos borregos ao desmame e com boas performances (ganhos médios diários, índice de conversão) após o desmame.
O presente artigo tem como objetivo demonstrar como maximizar as performances de crescimento em borregos Suffolk com a utilização de um Starter formulado para satisfazer as necessidades destes animais. Este starter conta, na sua composição, com a utilização de matérias-primas selecionadas, alguns cereais em flocos (milho e cevada) e soja extrudida que contribui para o aumento da digestibilidade e aumenta a higiene do produto. Além de apresentar todos os níveis nutricionais adequados (como o nível e qualidade de proteína, energia, fibra bruta, vitaminas e minerais sendo alguns deles orgânicos), ainda contem alguns aditivos que
podem fazer a diferença. São estes:
Gráfico 1 Efeito de uma suplementação em FOS sobre a flora intestinal


 
ACOMPANHAMENTO DO CRESCIMENTO DOS BORREGOS ATÉ AOS 70 DIAS DE IDADE
Este ensaio contou com o acompanhamento de 44 borregos descendentes de Suffolk em linha pura, sendo estes acompanhados durante três meses. Para a recolha de dados, contámos com a pesagem dos animais ao nascimento, aos 10, 30, 50 e 70 dias de vida. 
Note-se que as datas das pesagens podem significar uma variação de +/- 5 dias em relação aos dias descritos anteriormente. Foi registado o tipo de parto (simples, duplo ou
triplo) e o género logo ao nascimento. 
Os dados recolhidos foram trabalhados individualmente para cada animal de forma a aferir o ganho médio diário (GMD) nos diferentes intervalos de tempo e em todo o período.
Relativamente ao programa alimentar utilizado, como descrito anteriormente, os animais foram alimentados com um starter formulado para satisfazer todas as necessidades de crescimento, e feno ad libitum.
Para a presentação de resultados consideraram-se duas fases do ensaio:

Nas tabelas 1 e 2 estão demonstrados os pesos dos animais nas diferentes fases do ensaio, por tipo de parto e sexo.







 
Na primeira fase do ensaio (dos 0 aos 30 dias), em que existe uma grande influência da mãe, os GMD foram sempre superiores em partos simples e duplos (Tabela 3). Quando comparando o tipo de parto, notamos um valor superior nos partos simples. No que diz respeito à separação apenas por sexo, sabemos que os machos tiveram um GMD de 0,346 kg  comparando com 0,347 kg nas fêmeas (Tabela 3).




Na tabela 4 demonstram-se os pesos médios aos 30 e 70 dias de idade, bem como os GMD's desse período. De notar que neste período a influência do programa alimentar dos borregos ganha uma nova importância, uma vez que o consumo aumenta.
Dos 30 aos 70 dias, os valores de GMD, distinguindo apenas o sexo, foram de 0,420 kg para as fêmeas e de 0,458 kg para os machos. O GMD total geral neste periodo foi de 0,442 kg/animal/dia. É ainda notável o desenvolvimento dos machos com partos duplos e triplos que, nesta fase, atingiram um maior crescimento, explicando a recuperação na diferença de pesos, o que remete para a importância de um starter de qualidade superior.





Dos 0 aos 70 dias, o GMD foi de 0,405 kg para os machos e de 0,385 kg para as fêmeas. Separando por sexo e tipo de parto (Tabela 5) observamos a mesma tendência,
em que as fêmeas têm um crescimento menor independentemente do tipo de parto.




Comparando os GMD's entre machos e fêmeas nas diferentes fases (Gráfico 2) observamos que, embora no primeiro período não se reflita, os machos conseguem crescimentos superiores.
Este efeito consegue refletir-se até no GMD total.


Gráfico 2 GMD de machos e fêmeas nas diferentes fases




CONCLUSÃO
Com esta demonstração confirmamos que a utilização de um correto plano alimentar (leite materno e concentrado adequados) permite um ótimo desenvolvimento dos borregos nas primeiras semanas de vida. Permitindo assim um bom peso ao desmame e, consequentemente, favorável valor de mercado.
Pelas razões apresentadas, a utilização de um correto maneio alimentar das ovelhas em fase de lactação é uma ação tecnicamente apreciável, assim como um starter que permita um bom desenvolvimento a partir dos 30 dias de vida dos borregos.
Apenas com a junção destes dois fatores podemos exprimir o potencial genético dos animais.


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O consumo de carne ovina tem sido estável nos últimos 3 anos, verificando-se um consumo 'per capita' na ordem dos 2,3 kg por ano (carne de ovino e caprino).
No gráfico 3 podemos observar a evolução do efetivo de ovinos em Portugal, entre 2006 e 2019 (INE).
O efetivo de ovinos, em Portugal, sofreu uma tendência decrescente desde 2006 até 2015, no entanto começa a haver uma inversão da tendência entre 2016 e 2019,  resultado do aumento de procura deste produto para exportação.


Gráfico 2 Evolução do efectivo de Ovinos em Portugal de 2006 a 2019



 

Artigo publicado na Ruminantes 38 (Julho/ Agosto / Setembro) 2020 (https://issuu.com/ruminantes/docs/38_web).



 

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