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STRESS TÉRMICO - Uma preocupação do momento

Como é sabido, ao longo do tempo temos vindo a presenciar um fenómeno de aquecimento global, que não é mais do que o processo de aumento da temperatura média da terra e oceanos, causado maioritariamente pela emissão de gases que intensificam o efeito estufa. Gases estes que têm origem nas atividades humanas (queima de combustíveis fósseis e alterações na utilização da terra, resultado direto da explosão populacional, do crescimento económico, do uso de tecnologias e fontes de energia poluidoras, etc…).
Como resultado deste aumento da temperatura global (fig. 1), vários fatores de produção são afetados, nomeadamente na produção animal cujas performances (produção leite/carne, reprodução, entre outros) ficam cada vez mais comprometidas, acarretando consequências económicas acentuadas para o sector.

O stress térmico em produção animal é uma preocupação mundial. Ocorre quando o animal deixa de ser capaz de eliminar o excesso de calor do seu próprio corpo. Este excesso de calor acumulado é causado pelas temperaturas exteriores agravando-se quando a humidade relativa é elevada, ultrapassando a capacidade fisiológica de termorregulação nos animais - também conhecida como evapotranspiração. Como sabemos, os bovinos estão em conforto térmico entre os 5 e 15ºC. Começando a haver as primeiras perturbações a partir de 25ºC. Este fenómeno tem um impacto negativo na produção animal, reduzindo o conforto dos animais e consequentemente causando uma penalização nas suas performances como já referido.

Importante referir que a sensibilidade dos animais varia consoante a raça (sendo a raça Holstein mais sensível), a fase de lactação (os animais em inicio de lactação, inferior a 100 dias, são mais sensíveis do que as vacas em final de lactação) e o nível de produção (animais com um nível de produção elevada são mais sensíveis ao stress térmico).

Efeito do stress térmico sobre vacas leiteiras e suas consequências:
1. Efeitos:
a. Aumento do ritmo respiratório
b. Redução da ingestão
c. Aumento das necessidades energéticas do alimento
d. Diminuição da ruminação
e. Aumento do risco de acidose
f. Stress oxidativo
g. Diminuição da imunidade
h. Aumento da temperatura retal

2. Consequências:
a. Riscos de mamites, problemas de saúde e mortalidade
b. Redução da produção de leite
c. Aumento da taxa celular
d. Redução da fertilidade

É importante preservar o comportamento natural do animal para manter o desempenho ótimo. Uma solução neurosensorial que modula a mensagem de stress diretamente no cérebro tem provado limitar o impacto negativo de stress através da melhoria de flexibilidade por parte do animal quando enfrenta desafios/alterações ambientais.


ADITIVOS SENSORIAIS PARA PROMOVER O “BEM-ESTAR”
VeO é um aditivo neuro-sensorial que melhora a resposta do animal quando exposto a fatores de stress ambientais (tal como o stress térmico) e stress psicossocial regulando os sinais de stress no Sistema Nervoso Central. Este aditivo composto, maioritariamente por um extrato específico da família Rutaceae, foi desenvolvido em parceria com o INRA (Institut National de la Recherche Agronomique), que conduziu ensaios científicos para validar as ações do VeO no cérebro. De fato, o VeO estimula o córtex pré-frontal, está relacionado com a capacidade de adaptação do animal a fatores de stress e a amígdala que está envolvida na perceção emocional.

Para validar os benefícios no comportamento animal, foram realizados ensaios científicos em ratos para medir o nível de ansiedade e demissão. Os resultados indicaram que, no período de stress, os ratos do grupo VeO apresentaram menos tempo de imobilidade. Por outras palavras, os animais com VeO procuraram mais rapidamente encontrar uma situação que lhes fosse mais favorável.

Assim sendo, animais expostos a fatores de stress ambiental e interações sociais, tal como o stress térmico e o início dos lotes com animais de origens diferentes, adaptam-se mais fácil e rápido a estas situações. Por outras palavras, durante fases mais críticas de stress, são observadas menos alterações do seu comportamento normal, tal como a ingestão de alimentos ou interação social.

De um modo de ação mais preciso (químico/bioquímico), os ingredientes ativos inibem a hidrólise dos endocanabinóides presentes na fenda sináptica. Os endocanabinóides são neuromoduladores que em elevadas concentrações apresentam os seguintes efeitos:
a) Efeito ansiolítico (anti-stress): libertação de GABA (Gamma-Amino Butyric Acid), é o principal neurotransmissor inibidor no sistema nervoso central (SNC), que desempenha um papel importante na regulação da excitabilidade neuronal ao longo de todo o sistema nervoso
a. Maior prazer para comer

b) Efeito na relação serotonina / dopamina, regulação da ingestão de alimentos, sustentabilidade do bem-estar animal
b. Mais apetite
 
Como forma de testar o efeito deste produto apresentamos abaixo dois ensaios. Um realizado em bovinos de engorda e outro em vacas de leite (222 vacas em lactação). O primeiro foi realizado no Monte do Pasto na fase de adaptação, fase esta bastante crítica uma vez que são colocados animais de várias origens e alguns deles que nunca comeram alimento concentrado – alteração brusca da forma de alimentação.

O VeO foi testado em dois lotes de cerca de 100 animais (1 com aditivo e outro controlo). Além da análise global ainda se analisou os animais mais pequenos de cada lote (até 200 kg de peso vivo), porque geralmente são os animais com maior dificuldade de adaptação.
Após a análise dos dados, concluiu-se o seguinte:
O segundo ensaio, realizado em vacas de leite, com 222 animais em lactação. Como se pode verificar na figura 4, com o VeO, os animais demonstraram maior tranquilidade estando mais tempo deitados e com níveis de produção superiores (para os mesmos dias de lactação do grupo de vacas em ordenha.

Introduziu-se o Veo num período de stress térmico moderado e num período de stress térmico acentuado. Como é possível verificar na Figura 5, em momentos de stress térmico acentuado com a utilização deste aditivo foi possível manter o nível de produção.

A intensidade do stress térmico pode ser estimada através do índice de temperatura e humidade relativa (THI), ou seja, é um avaliador de conforto térmico baseado em condições de temperatura e humidade. O estudo e análise deste índice são de extrema importância, pois auxilia na indicação de conforto e desconforto térmico a que os animais estão submetidos. O limiar de THI para vacas leiteiras é de 68 (considerando uma temperatura de 24,5°C e humidade 15% ou T=22°C e HR=45%).
 





Relativamente à produção média, para dias de lactação de 205 dias para o grupo controlo e 210 para o grupo VeO, apesar das condições ambientais mais desfavoráveis devido a stress térmico obteve-se o mesmo nível de produção.

Da análise dos dados obtidos, concluiu-se que os aditivos que minimizam os fatores de stress a que os animais estão sujeitos (térmicos, sociais…) são exequíveis e economicamente vantajosos uma vez que atenuam o decréscimo de performances de produção.


Artigo publicado na Revista Ruminantes 37 (Abril / Maio / Junho) 2020 (https://issuu.com/ruminantes/docs/037_issuu).

 

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